quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pérolas e desleixos

As sessões da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha costumam ter episódios surrealistas e hilariantes, e a de ontem também não foi excepção. Já pouco se nota a costumeira submissão e o ridículo graxismo praticado pelos deputados do PSD, parecendo não ter ponta de dignidade, coluna vertebral ou sinapse neuronal, para produzir um singular pensamento próprio e oferecer uma única crítica construtiva ao seu Presidente. Também já pouco se nota a passividade e a falta de foco do PS para atacar os verdadeiros e graves problemas do concelho, ficando-se pela cidade e quanto baste. A oposição mais estruturada, fundamentada e combativa é, sem dúvida, a do MVC - Viver o Concelho, Movimento Independente, o qual trouxe para a "casa da democracia" caldense um ar mais fresco e respirável, em matéria de exigência, transparência e responsabilidade.

O que se notou ontem foi, de facto, a crescente irritação do Presidente da Câmara com o escrutínio realizado pelos independentes e as críticas que estes fazem ao desempenho desastroso do actual edil, chegando este a afirmar que "está saturado" e "já é demais". Porque não admite Tinta Ferreira que os caldenses é que já estão saturados da incompetência e da falta de respeito revelada diariamente por este executivo? Não acha que já é demais? Notaram-se, também, os comentários descabidos, falaciosos e provocatórios que fez em resposta a intervenções do público e de alguns deputados, a propósito do "caso do gasóleo camarário", da falta de instalações para os idosos se reunirem, das estradas esburacadas e sem passadeiras visíveis, das investigações em curso ao grupo GPS, etc. Extraordinárias pérolas políticas!

Também surrealista (mas não hilariante, porque não se brinca com coisas sérias), foi a decisão aprovada pela maioria PSD na Assembleia Municipal, de adquirir à ADIO o edifício da Expoeste/CEO (ver http://detantoestarem.blogspot.pt/2013/11/expoesteceo-o-que-se-passa-realmente.html), uma decisão ilógica, de legalidade duvidosa e sem fundamento técnico-económico, que visa branquear a incompetência e outros eventuais dislates cometidos pelos sucessivos executivos camarários do PSD. Quem assistiu a este debate, nem queria acreditar no que ouvia, tão absurdos e irresponsáveis eram os argumentos, mas desengane-se quem pensa que o assunto ficou ontem encerrado, pois talvez tenha sido apenas o primeiro dia do resto da vida desta vergonha.

Não poderia faltar, finalmente, a cereja em cima do bolo. O Presidente da Câmara não se coibiu de comentar o facto de 3 das quatro intervenções do público serem de membros ou simpatizantes do MVC, insinuando que teriam sido concertadas para monopolizar este período inicial da sessão municipal, à semelhança do que faz por vezes o BE. Compreende-se o engano de Tinta Ferreira, por lhe faltar capacidade para perceber o que é ser-se verdadeiramente independente e não andar a imitar os vícios e as más práticas dos partidos políticos, a começar pelo do próprio Presidente. Infelizmente, as cerejas ou pérolas de Tinta Ferreira não são suficientes, nem para disfarçar a sua incompetência e fraca sensibilidade democrática, nem para esconder o desleixo em que indecorosamente mantém a sala mais nobre da soberania caldense.




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