segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

100 dias por assinalar (alguém deu por isso?)

É usual fazer-se o balanço dos primeiros 100 dias de uma nova liderança. Este é um período suficiente para se compreender o que mudou em relação à governança anterior e o que se pode esperar da nova equipa. Inicialmente, os sinais pareciam contraditórios: por um lado, o executivo camarário eleito em 29 de Setembro anunciava e prometia uma “Nova Dinâmica”, procurando fazer passar uma imagem de civilidade, eficiência e inovação mas, por outro lado, apresentava as mesmas caras e as mesmas limitações políticas de sempre, impostas por uma polémica sucessão. 100 dias passados, já se percebeu que a “nova dinâmica” não passa de um novo estilo, sem novidade na substância.

É certo que o debate político, embora medíocre, é agora menos trauliteiro, o que não é despiciendo, mas, de facto, nada do que é essencial mudou: a democracia local continua pobre e demasiado assente em relações pessoais, valorizando pouco a cidadania e a diversidade de opiniões; os investimentos continuam a privilegiar as obras públicas de utilidade duvidosa, infernalizando a vida diária dos caldenses; a centralidade e o prestígio de outrora continuam a ser perdidos, ficando-se tranquilamente a assistir às iniciativas de Óbidos para a Lagoa e o turismo termal; e, em geral, quase tudo o que este executivo faz (quando faz), por fraca liderança, revela pouca qualidade, gosto, adequação e pontualidade, do tipo "dá-se um jeitinho e já está".

Num município onde os processos e as decisões são mal explicados e responsabilizados (recorde-se o caso do “gasóleo camarário”), torna-se realmente difícil distinguir o que é incompetência e o que é intenção, quer se trate de actos correntes de gestão (como definir um organograma ou contratar um serviço) quer estejam em causa opções que determinarão irrevogavelmente o futuro da comunidade (como são os casos do Hospital Termal e da Lagoa de Óbidos). Há, no entanto, uma boa notícia nestes 100 dias, e ela é a de que, por entre as frestas da reduzida transparência, os caldenses mais empenhados numa cidadania activa e participativa, têm estado atentos e a exercer o seu direito – e dever – de escrutínio democrático.

(Publicado na edição de 15.01.2014, do Jornal das Caldas)


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