domingo, 31 de agosto de 2014

134. Tesourinhos Camarários (1) - Aquisição do Terreno da EBI de Santo Onofre

Declaração de Voto dos vereadores do Partido Socialista na Câmara Municipal das Caldas da Rainha, em 8 de Abril de 2014:

"Os vereadores do partido socialista consideram o processo referente à Urcaldas uma ilustração do que tem sido o governo da maioria PSD no concelho das Caldas da Rainha. Importa compreender com clareza tudo o que se passou. Surge em 1992 a oportunidade de construir uma Escola de tipologia Básica Integrada para as Caldas da Rainha. A Câmara Municipal das Caldas da Rainha dispõe-se a arranjar o terreno para a obra. Estabelece com um proprietário um acordo segundo o qual a Câmara Municipal comprará o terreno e permitirá aos proprietários o loteamento do terreno envolvente à escola com índices de construção elevados. A escola é construída e inaugurada em 1993. Treze anos mais tarde, decide-se construir um pavilhão junto à mesma escola, para tentar apagar o erro que foi a construção indevida de um pavilhão Rainha Dona Leonor longe da escola a que deveria ter sempre pertencido. O terreno para o novo pavilhão localiza-se, final e obviamente, junto à escola. Pertence aos mesmos donos dos terrenos da escola e que, novamente, aceitam esta construção.

Aquilo que gera completo estarrecimento é que nenhuma letra é escrita sobre o assunto. Nada. Nenhum documento legal existe que comprove o acordo efectuado em 1993 e depois ampliado. O negócio não tem qualquer validade. Não existe, existindo. Ao solicitarem toda a documentação referente a este processo, é entregue aos vereadores do partido socialista uma risível minuta de contrato, não assinada e sem data. A estupefacção é total. A ilegalidade, completa. Vinte anos em absoluta ilegalidade passados, não chega sequer, portanto, a existir qualquer acto jurídico que valide a operação. Ocorre que, anos mais tarde, em contexto de crise, os saturados donos dos terrenos exigem à Câmara Municipal das Caldas da Rainha que lhes seja feito o pagamento dos terrenos. Consideram que, vinte anos depois, é mais do que tempo para se verem ressarcidos de um terreno que venderam a quem nunca pagou nada. Pedem 5 milhões de euros pelo terreno. Exigem uma resposta rápida ou lançarão a questão para tribunal. Os vereadores socialistas propuseram então que fosse feita uma avaliação independente do terreno, uma vez que, sendo de inteiríssima justiça que os proprietários fossem pagos e mesmo indemnizados, consideram a sua primeira avaliação sobrestimada.

A avaliação independente avalia os terrenos ocupados (escola e pavilhão) em 1 milhão e 750 mil euros. Os vereadores socialistas recusaram qualquer arranjo fora da lei e propuseram que fosse estabelecido um verdadeiro acto jurídico, repudiando abertamente este tipo de traficâncias, sem papéis firmados, que durante anos percorreu muitos momentos da vida autárquica da gestão PSD. Em virtude das numerosas solicitações das escolas para a expansão da sua área educacional, é proposto que se adquira mais terreno (cerca de 11 mil metros quadrados) na envolvente daquele estabelecimento de ensino para ali instalar equipamentos de apoio educativo, bem como para uma pista de tiro com arco ao ar livre. Depois de um embaraçoso processo negocial, as partes acordam no montante de 2 milhões e 400 mil euros para todos os terrenos agora considerados.

O que esta Câmara Municipal das Caldas da Rainha fez é, como se vê, absolutamente intolerável. Mais uma vez, demonstrou à sociedade que não tem qualquer respeito, nem pelos munícipes com quem faz negócios, nem tem, por princípio, a menor intenção de cumprir a sua palavra. Desesperada e encostada à parede, a empresa vê-se obrigada a aceitar o acordo que a Câmara Municipal das Caldas da Rainha lhe propõe, uma vez que precisa de liquidez imediata e receia que um processo judicial se arraste durante anos e torne impossível a recuperação da empresa. O que daqui resulta é uma Câmara Municipal das Caldas da Rainha que desonra a sua respeitabilidade, a sua idoneidade; é o nome dos Caldenses que está em jogo. Mas não apenas a sua honorabilidade. O seu dinheiro. Resulta disto tudo uma Câmara Municipal das Caldas da Rainha cuja fictícia saúde financeira nasce destes acordos sinuosos que vão agora retirar milhões de euros ao seu orçamento, apenas porque não pagou a tempo. Tivesse a Câmara Municipal das Caldas da Rainha pago a tempo e os valores a pagar nunca seriam tão elevados. Pagaremos todos, agora, por causa destas intrujices. E são intrujices de facto porque ninguém, muito menos uma câmara, se esquece de que tem uma dívida de milhões de euros.

Cumprirá ao tribunal de contas validar esta colossal operação financeira que põe a nu a irregularidade financeira de todos os orçamentos que foram sendo apresentados ao longo dos anos, intrujice que foi sempre denunciada pelo partido socialista. Não é este, de resto, o único caso em que esta Câmara Municipal das Caldas da Rainha assim procedeu. Casos há em que os proprietários faleceram antes de verem qualquer contrapartida às suas cedências. Contrapartidas prometidas e sempre às escondidas de todos. Dívidas furtivas dos orçamentos e que revelam a astuciosa e irresponsável forma de, no fim das contas, deitar fora dinheiro dos contribuintes. E tudo apenas porque não se cumpre a palavra. Porque se constrói em terrenos de outros a quem nunca se pretende pagar. Uma vergonha. 

Os vereadores do partido socialista consideram de elementar justiça concluir um processo que reponha a legalidade dos contratos efectuados pela câmara. Confirmarão todo o desfecho que permita uma solução aceitável para os legitimamente ofendidos. Que somos todos nós. Repudia veementemente a indecorosa forma como esta Câmara Municipal das Caldas da Rainha se comportou. Há outro caminho. O da honradez. Não humilha ninguém e é, ainda por cima, muito mais barato.”

(Extracto da Acta nº 14 de 08.04.2014 da Câmara Municipal  das Caldas da Rainha)
http://www.cm-caldas-rainha.pt/portal/page/portal/PORTAL_MCR/MUNICIPIO/CAMARA_MUNICIPAL/ACTAS_DELIBERACOES/acta14_2014_de_08_04.pdf

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Declaração de voto dos mesmos vereadores, em 16 de Junho de 2014, relativa à contratação de empréstimo para investimento-financiamento bancário no montante de 2 milhões e 400 mil euros, tendo em vista a aquisição do terreno da EBI de Santo Onofre:
“A contratação de um empréstimo de €2.400.000,00 para atender à regularização de dívidas vultuosas que o município escondeu durante anos (Urcaldas, Expoeste, entre outras) representa bem aquilo que os vereadores do partido socialista têm denunciado ao longo dos anos: uma situação financeira, cuja estabilidade fica a dever-se a um desinvestimento na qualidade de vida dos caldenses que viram a sua terra definhar ao longo das últimas duas décadas; um concelho sem qualquer perspectiva de futuro, a gerir uma regeneração urbana sem rumo e com toda a sua política baseada no evento e não no planeamento acaba por gerar custos absolutamente escusados. É o caso deste empréstimo. A Câmara Municipal das Caldas da Rainha irá contrair um empréstimo para poder pagar uma quantia que nunca teria de pagar caso tivesse cumprido as suas obrigações com os munícipes de quem utilizou um terreno sem o pagar durante vinte anos.
Contratação de empréstimo para investimento – Financiamento bancário no montante de € 2.400.000,00. Nunca as Caldas da Rainha teriam de pagar 2.400.000€ se o acordo com a empresa Urcaldas tivesse respeitado as mais elementares regras da contratação urbanística referente à instalação da escola básica integrada de Sto Onofre e ao pavilhão dessa mesma escola. Contrair um empréstimo com o exacto valor do montante devido àquela empresa serve apenas para gerar a ideia pela qual o dinheiro sai de um lado para ir para outro. Não é verdade. Este dinheiro servirá para pagar muitas outras contas, pela conveniente libertação de fundos que permite. A continuada apresentação de orçamentos fictícios e práticas de negociação repletas de irregularidades e mesmo ilicitudes processuais obrigam a gastar muito mais dinheiro do que aquele que seria pago caso se tivesse respeitado a lei.
Mas é muito ilustrador ver como os mesmíssimos trapezismos orçamentais de sempre continuam a desafiar a inteligência dos caldenses. Antes das eleições, a saúde da câmara é de ferro. Alguns meses depois já é preciso contrair empréstimos. A saúde da câmara municipal das Caldas da Rainha enferruja sempre logo após as eleições. Em Janeiro de 2010, os vereadores do partido deixaram o seguinte em acta: "Novamente se confirma que a dita sanidade financeira do município não passa de mera jactância eleitoral, como o provou a necessidade imperativa de contrair um empréstimo de 2,5 milhões de euros, um mês após as eleições - calendário que provoca dificuldades de tesouraria no pagamento atempado dos fornecedores da Câmara. Torna-se óbvio que, sendo indispensável, este empréstimo deveria ter sido efectuado pelo menos 4 meses antes das eleições, para ser eficaz no apoio à economia e empresas caldenses e não um mês depois."
Desta vez, o caso é ainda mais grave porque com este empréstimo pretende-se pagar, legitimamente diga-se, as dívidas furtivas que duas décadas de contratos de boca foram acumulando. É de elementar justiça que se pague a quem se deve. Por isso apenas não votamos contra este empréstimo. Mas é de elementar justiça saber que pagamos hoje muito, mas muito mais, do que aquilo que deveríamos ter pago e que estamos a pagar muito mais do que deveríamos apenas porque ninguém soube acautelar o presente e o futuro deste concelho.”
Na sequência da declaração dos Vereadores do Partido Socialista, o Senhor Presidente da Câmara ditou para a acta o seguinte: “O Município tem um saldo orçamental de € 6.820.787,78, e dividas a bancos e fornecedores de € 4.054.025,22, pelo que a situação financeira do Município é sólida. No entanto de forma a fazer face aos investimentos em curso e à aquisição do terreno que está ocupado por uma Escola, sob pena de em decisão judicial as indemnizações poderem ser superiores, à cautela, será necessário garantir a dotação financeira necessária que permita a aquisição desse terreno sem prejudicar os investimentos que estão em curso. Há momentos em que o investimento tem que ser superior para que a rentabilidade do concelho seja consequente. No final do mandato os “rácios” financeiros serão tão bons como no final do mandato anterior.”






sábado, 30 de agosto de 2014

133. Cidadania e solidariedade

Uma das vertentes mais importantes da cidadania, é a acção solidária a favor das pessoas mais carecidas, com compaixão mas sem paternalismo.
Caldas da Rainha, tal como outros municípios, tem uma vida colectiva dinâmica em vários domínios, incluindo o da solidariedade.
É meritório e louvável que os cidadãos se organizem e tomem a iniciativa de ajudar os outros, desejavelmente de forma independente, autónoma e auto-suficiente.
O que não seria saudável é que, em nome da solidariedade, fossem criados poderes fáticos e opacos, baseados em cumplicidades de qualquer ordem que, por um lado, instrumentalizassem a carência das pessoas apoiadas e, por outro, se servissem da bondade das pessoas que se voluntariam para apoiar, com o fito de perpetuar um sistema social ou um poder autárquico que apenas na aparência fossem democráticos.
Solidariedade sim, mas genuína e verdadeiramente independente.



quinta-feira, 28 de agosto de 2014

132. "Há que responsabilizar autarcas irresponsáveis"



Quem não concorda com o Dr. Fernando Costa? Quem não concorda que "não basta salvar as Câmaras" ou a porcaria feita pelos anteriores e actuais autarcas, incluindo presidentes de Câmara? Quem não concorda que "há que responsabilizar autarcas irresponsáveis" - os anteriores e os actuais - incluindo presidentes de Câmara?

Espero bem que o actual executivo camarário dê ouvidos e responda à veemente exigência do Dr. Fernando Costa de "responsabilizar autarcas irresponsáveis". Por mim, farei coro com o Dr. Fernando Costa e dar-lhe-ei todo o meu apoio nesta matéria.
Parece-me que as actas das sessões de Câmara podem ser um bom começo, especialmente as declarações de voto dos vereadores do PS (ver em http://www.cm-caldas-rainha.pt/portal/page/portal/PORTAL_MCR/MUNICIPIO/CAMARA_MUNICIPAL/ACTAS_DELIBERACOES), solicitando-se, se necessário, o apoio do Tribunal de Contas ou da Inspecção-Geral de Finanças (para começar).


131. Rescaldo de uma noite de Verão

Parabéns ao promotor e organizador do espectáculo Zarabanda, a Associação de Criadores do Cavalo Lusitano do Oeste, o qual teve lugar no Parque D. Carlos I na noite do passado dia 23. Diz quem viu, que foi magnífico.
Quanto à falha na iluminação pública, este post no Facebook do Presidente da referida Associação tipifica exemplarmente o que lamentavelmente se passa e se repete sistematicamente na autarquia (o conselho de administração do CHO já descartou qualquer responsabilidade no incidente).
Igualmente interessantes, os comentários publicados sobre este post. Faço minhas as palavras ditas num dos comentários: "A burocracia e a inoperância têm rostos!!!".
A ler e reflectir.



Fonte: Jornal das Caldas de 27.08.2014

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

130. O regresso do "Mestre Ca(l)ceteiro"

Não vou tecer quaisquer comentários, para dar total liberdade de análise e reflexão a quem leia os comentários abaixo. Apenas chamo a atenção para as seguintes perspectivas:
1- Que papel continua a ter o anterior edil na tutela do actual executivo camarário?
2- Tenciona o anterior edil recandidatar-se à presidência da Câmara em 2017?
3- Que direito tem o anterior edil de dar instruções directas aos operários desta obra de Regeneração Urbana?
4- A existência de mais operários na obra deve-se à intervenção do anterior edil?
5- Com que direito o anterior edil fala, em nome da Câmara, das obras de Regeneração Urbana?
6- Com que direito o anterior edil responde, em nome da Câmara, às críticas que são feitas pelos cidadãos às obras de Regeneração Urbana?
7- Porque permite o vereador responsável pelas obras estas intromissões do anterior edil?
8- Porque permite o actual presidente da Câmara estas desautorizações do anterior edil?



Nota: Não acham estranho que o homem dê tantos erros ortográficos?!

Nota: Um aplauso para o Arqtº Rui Gonçalves, em defesa da cidade e da dignidade dos caldenses.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

129. Caldas da Rainha: É possível fazer melhor! (1)

Amar a cidade (e o concelho) é apreciar o que ela tem de bom, mas também avaliar o que não está bem ou poderia (e deveria) estar melhor. Quando se fazem reparos e apontam defeitos, não se está a procurar diminuir o valor das coisas ou das pessoas, mas sim a procurar melhorá-las e valorizá-las. Quem nos dera que tudo estivesse, não perfeito (porque isso não existe), mas bem ou muito bem, dentro daquilo que é desejável e sabemos ser possível.
Caldas da Rainha é uma cidade (e um concelho) com reconhecidos pergaminhos, com vocação turística nacional e internacional, e onde se tem, ou se quer ter, orgulho em viver. Estas características, colocam exigências à cidade que são incompatíveis com uma abordagem mais desleixada e incompetente, estando todos os cidadãos caldenses convocados para zelar pela sua cidade e exigir aquilo que deve ser exigido a quem tem a responsabilidade por a manter bela e cuidada.

Exemplo 1
Porque é que o Café Populos (o único dentro do Parque) está fechado em pleno mês de Agosto, período em que o Parque D. Carlos I recebe mais visitantes?

Rectificação: Hoje o café está aberto e esclareceram-me que ontem estava fechado por ser 2ª Feira e não por fechar no mês de Agosto. É bom, mas devem afixar de forma bem visível essa informação, para que todos os clientes o saibam. E, se puderem organizar de outro modo (como, aliás, a maioria dos cafés, mesmo que não tenha serviço de refeições), seria útil que abrisse todos os dias no período do Verão.




Exemplo 2
Porque é que estes andaimes estão aqui abandonados há várias semanas, afeando uma das mais bonitas estações ferroviárias do país?



Exemplo 3
Porque é que não conceberam um projecto mais interessante para a Av. da Independência Nacional, em vez de um inapropriado parque infantil, em que a perspectiva de Norte esbarra no mamarracho que se vê na foto e a de Sul em contentores de lixo sempre sujos, onde não existe um escorrega para crianças e alguns equipamentos (p.e. de escalada) são extremamente perigosos?



domingo, 17 de agosto de 2014

128. Caldas Safari Concept

A balbúrdia que tem sido a Regeneração Urbana das Caldas da Rainha, com a cidade transformada num inaceitável estaleiro a céu aberto, sem que haja prazos a cumprir e cidadãos e negócios a respeitar, tem inspirado criativos e empreendedores visionários, os quais vêem na destruição e no caos instalado, oportunidades alternativas de valorizar a cidade e atrair milhares de turistas e visitantes.
As cidades de Gaia e Maia têm parques zoológicos, Mora tem um fluviário, Lisboa, Cascais e Constância têm borboletários, porque não hão-de as Caldas da Rainha ter também um parque natural do mesmo género?!
A criação de um parque de vida selvagem semelhante ao "Badoca Safari Park" em Vila Nova de Santo André, aproveitando os buracos abertos e a terra e pedra amontoadas, constitui uma forte possibilidade e oportunidade para os referidos empreendedores, defendendo os mesmos que o nome do parque caldense, inspirado na confusão e desorganização das obras em curso, bem como no abandono a que o Parque D. Carlos I tem estado votado, esteja foneticamente associado ao parque alentejano e venha a ser designado por "Badalhoca Safari Park".

Safari concept para a Praça dos Nabos (ex-Praça da Fruta)

Safari concept para o Parque D. Carlos I