quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Politicamente incorrecto? Temos pena.

Não me importo nada de ser “politicamente incorrecto”, se em causa estiver o que eu julgo, genuinamente, ser a verdade e o interesse da comunidade. Não ando aqui para fazer fretes a quem quer que seja e muito menos a quem já deu provas sobejas de não ser suficientemente competente para governar uma cidade com a dignidade e os pergaminhos das Caldas da Rainha.

Vem isto a propósito desta iniciativa (http://www.cm-caldas-rainha.pt/portal/page/portal/PORTAL_MCR/GERAL/NOTICIAS?notid=1766155) que apelidei de folclórica e absolutamente inoportuna, tendo em conta o estado caótico da cidade, devido a obras simultâneas e generalizadas (de utilidade muito duvidosa, sublinhe-se). Trata-se, na minha opinião, de uma provocação gratuita aos caldenses e aos visitantes das Caldas da Rainha, totalmente inaceitável.


Não está em causa, como é óbvio, a sensibilização dos condutores, sempre útil, nem a bondade da iniciativa do Conselho da Cidade e dos voluntários envolvidos, mas é infantil acreditar que uma acção destas resolve o que quer que seja. Só um controlo policial eficiente o consegue, cabendo à autarquia assegurar a boa circulação de viaturas, o estacionamento necessário e os transportes públicos alternativos ao automóvel particular, o que não acontece.

Naturalmente que o adjectivo "infantil" se aplica ao executivo camarário e não ao Conselho da Cidade, pois é da responsabilidade daquele tudo aquilo que vai para além da acção de sensibilização em causa e que é decisivo para se atingir o objectivo desejado. Aliás, a inoportunidade desta acção, deve-se ao facto de a aprovação do Orçamento Participativo (sim, esta acção custou dinheiro aos contribuintes) ter tido um atraso que a projectou para uma data em que a cidade estava já transformada num estaleiro de obras.


Não se defende, evidentemente, uma atitude meramente punitiva, como alguns comentaram, embora tivessem os mesmos defendido a punição social, a qual constitui também uma forma legítima e eficaz de penalização. Defende-se, sim, um conjunto integrado de acções que passam pela sensibilização e consciencialização dos condutores, pela disponibilidade de estacionamentos e de transportes públicos eficientes, pela fluidez do trafego e, obviamente, pelo castigo dos infractores.

O que não faz sentido é colocar cadeiras de rodas onde os condutores cumpridores estacionam de forma regular os seus carros (o justo não tem de pagar pelo pecador), nem afixar autocolantes nas viaturas dos infractores, estragando a pintura (um erro não justifica outro), havendo muitas outras maneiras de deixar a mensagem que se pretende.


Finalmente, mas não menos importante, é a forma como a autarquia procura “aparecer na fotografia”, transmitindo a ideia de um inaceitável aproveitamento político de uma acção generosa e baseada numa ideia sugerida por uma instituição da sociedade civil, preocupada com uma cidadania que, claramente, a autarquia não cultiva e, por vezes, até nem respeita. Temos, portanto, uma boa iniciativa realizada em momento claramente inoportuno, perdendo assim todo o efeito desejado e, pior, virando-se contra quem a promoveu, o que é de lamentar.

De qualquer modo, serão os cidadãos caldenses, eles próprios, a aprovar ou a rejeitar esta iniciativa, bem como o aproveitamento político que a autarquia está a fazer da mesma, mostrando a verdadeira face da sua propalada “Nova Dinâmica”. Para quem tiver dúvidas, espere pelos dias que se seguirão ao fim desta campanha de sensibilização e veja se alguma coisa se alterou.




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