quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Perguntar incomoda, não ofende

Este blog, apesar de recente, já questionou muitas decisões e processos da responsabilidade do município, seja da sua Câmara, seja da sua Assembleia Municipal. Também o interesse e a participação dos munícipes têm sido questionados, pois uma governação autárquica forte depende de uma comunidade e de uma oposição igualmente fortes (o que não tem sido manifestamente o caso).

As perguntas feitas, muitas e relevantes, não têm tido resposta. Reconheçamos que também não se esperava que tivessem, embora se exigisse que tal acontecesse. Sabemos que este blog é monitorizado à lupa e ao minuto mas, aqueles que deviam prestar contas do seu desempenho (e não necessariamente aqui), preferem manter o silêncio e a falta de transparência, que um poder de 28 anos transformou em soberba e sentido de impunidade.

Perguntar incomoda, é certo, mas o poder, por definição, dever ser permanentemente incomodado, sob pena de perder a noção da realidade e se cristalizar, resvalando para o autoritarismo e o abuso de posição dominante. Melhor, o poder deve, ele próprio, incomodar-se, questionar-se permanentemente, ao invés de optar por um ridículo e inútil narcisismo. Perguntar incomoda porque tira da zona de conforto, mas jamais deve ser entendido como ofensa, nem fazendo interpretações abusivas das críticas, nem procurando erradamente valorizar-se mais a forma do que o conteúdo das questões.

De qualquer modo, mais do que ao poder, as perguntas que fazemos são sobretudo endereçadas e sugeridas aos cidadãos como nós, para que pensem com mais constância, com mais profundidade e com mais acutilância. Porque só pensando e perguntando se pode realmente ajudar a autarquia e o município a serem melhores, mais democráticos, mais desenvolvidos e mais felizes. E o poder, deixe de se mostrar ofendido e vitimizar-se, pois o mal desta terra tem sido exactamente não se querer ou não se saber perguntar.



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