quarta-feira, 17 de setembro de 2014

140. O folclore da "Mobilidade"

Para quem tivesse dúvidas, o quadro abaixo mostra bem aquilo que já se suspeitava: as comemorações da Semana Europeia da Mobilidade, em meados de Setembro de cada ano, não têm passado de manifestações mais ou menos folclóricas, com fraco impacto e eficácia na promoção da mobilidade.
A intenção tem mérito: promover o uso de transportes alternativos, menos poluentes e menos custosos para as economias que dependem do petróleo, designadamente a bicicleta, assim como estimular e facilitar a circulação em segurança dos cidadãos em vias pedonais, actuais e novas.
Contudo, o infantilismo e a inépcia que grassa neste país, incluindo entre os autarcas que têm a responsabilidade de organizar a Semana Europeia da Mobilidade nos seus municípios, adultera e compromete essa intenção, não justificando o tempo e o dinheiro investidos na sua lamentável concretização.
É necessário introduzir o hábito de quantificar o que se faz, seja a nível de custos e prejuízos, seja em termos de proveitos e benefícios obtidos. Se as pessoas soubessem o que se gasta sem proveito e o que se deixa de obter por não se gastar racionalmente o pouco que se tem, mudariam certamente de atitude e passariam a ser muito mais exigentes em relação aos decisores públicos.

(Fonte: Federação Europeia de Ciclistas)

Nas Caldas da Rainha, este ano, o caso é ainda mais grave, pois a cidade está refém de obras faraónicas, mal planeadas, mal executadas e mal fiscalizadas, com prazos largamente ultrapassados que afectam gravemente a vida e os negócios na cidade. São muitas as pessoas que têm sofrido quedas graves, por exemplo, e as vendas de Verão do comércio tradicional perderam-se irremediavelmente.
Mobilidade é coisa que neste momento não existe na cidade e no concelho, não só devido às referidas obras, mas também aos buracos nas ruas e nos passeios, ao lixo acumulado a céu aberto, à falta de sinalização horizontal e vertical adequadas, à falta de conservação de vias pedonais e ciclovias, à tomada e largada de passageiros no terminal rodoviário em péssimas condições, à falta de transporte ferroviário minimamente apropriado, etc, etc.
Mas, apesar deste panorama degradado e degradante, a autarquia entretém os munícipes com aulas de Zumba, partidas de xadrez, recolha de sangue e rastreio nutricional, justificando-se perguntar o que tem isto directamente a ver com mobilidade, quando haveria tantas alternativas relacionadas com as preocupações centrais da Semana Europeia da Mobilidade, referidas acima.


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