sábado, 19 de julho de 2014

125. O político imperfeito

Não existem políticos ou governantes perfeitos, pela simples razão de que a perfeição não existe. A perfeição é uma utopia ou ideal que se prossegue, na ânsia e expectativa de melhorar processos, funcionando como incentivo à motivação de progresso e desenvolvimento, embora possa tornar-se contraproducente quando a crença na sua existência se torna um mito e se sobrepõe ao respeito por valores morais e éticos fundamentais. Tal acontece quando não se olha a meios para alcançar fins, por mais nobres que estes possam ser ou parecer. Na realidade, o que mais importa é a busca do equilíbrio e da harmonia, procurando sempre alinhar-se com a realidade, usando o bom senso e a inteligência.

Ora, se não existe perfeição, também não se pode exigir que alguém o seja, mesmo quando está em causa o desempenho de funções de elevada responsabilidade. Ser imperfeito é, pois, natural em qualquer pessoa, devendo tal ser reconhecido. Contudo, é a consciência desta limitação que deve levar os seres humanos a adoptar processos "à prova de erro" ("poka yoke", segundo os japoneses), procurando minimizar a sua ocorrência e/ou as suas consequências. Esta exigência é válida para qualquer indivíduo, tendo em conta os diferentes graus de responsabilidade.

Um político ou governante também não é, obviamente, perfeito. Mas deve ser humilde para o reconhecer, deve saber escutar as opiniões diferentes das suas, deve cuidar de não errar e de ser exemplo para a comunidade, deve ver a política e a governação como uma missão e um serviço (temporários), deve aceitar as críticas justas que lhe são feitas e procurar melhorar o seu desempenho, deve guiar-se por elevados padrões éticos e morais na sua actividade, deve prestar contas e assumir responsabilidades, deve ser justo e imparcial para com todos os cidadãos, sem amiguismos nem favoritismos, deve, em suma, procurar ser o melhor entre os melhores (ainda que não o seja completamente).

Um político ou governante comete erros, pela simples razão de que tem coragem para arriscar, decidir, agir. Só não erra quem nada faz, podendo também considerar-se que essa inacção é, ela própria e desde logo, um erro. Por isso, o que mais importa no erro não é o erro em si mesmo, mas as causas e as consequências do mesmo. Porque errou e não evitou o erro? Quem e quanto se pagou por esse erro? Estas são as questões que interessam e não podem ficar por respostas superficiais. Por mais desagradável e irritante que possa ser, é preciso que esses "porquês" sejam questionados repetidamente, para que se cave fundo e se vá à raiz dos problemas (técnica conhecida por "diagrama causa-efeito").



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