A nossa Assembleia Municipal não funciona bem. Há muitos anos que não funciona bem, se é que alguma vez funcionou. Talvez os seus membros nem tenham plena consciência disso, seja por lá estarem há muito tempo, seja por acharem que devem imitar os seus congéneres parlamentares. Mas, quem está de fora ou acaba de chegar à Assembleia Municipal - como é o caso dos deputados independentes do MVC - VIVER O CONCELHO (terceira força política na AM) -, sente com preocupação os diversos tipos de disfunções reveladas pelo órgão máximo da democracia caldense, claramente referidas na carta que publiquei hoje na Gazeta das Caldas.
Ora, face às críticas apresentadas pelos cidadãos - que se sentem na obrigação cívica de as fazer, pelo bem da nossa comunidade -, como reage o Presidente da Assembleia Municipal? Da pior maneira. Em vez de se focar nas críticas e de as tomar como legítimas e úteis para o seu mandato, permite-se realizar uma multiplicidade de conjecturas falaciosas e ofensivas, não apenas para os cidadãos em causa, mas também para o movimento independente a que estão ligados, o MVC - VIVER O CONCELHO. Reage, pois, de forma autoritária e intempestiva, absolutamente imprópria de quem exerce um cargo que se quer gentil, equidistante e escrupuloso, isto é, uma referência de cidadania e democracia local.
A leitura atenta das cartas abaixo, mostra como se procurou alertar e ajudar, de forma leal e sincera, o senhor Presidente da Assembleia Municipal a melhorar o exercício das suas responsabilidades, mas a sua postura rancorosa e belicista deixa pouca esperança de que esteja disposto a mudar o que quer que seja, o que coloca uma questão deveras pertinente: Acha o Dr. Luís Ribeiro que tem condições de ética e competência políticas para continuar a presidir à Assembleia Municipal das Caldas da Rainha?
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CARTA DO CIDADÃO JOSÉ RAFAEL NASCIMENTO, PUBLICADA NA "GAZETA DAS CALDAS" EM 14.03.2014 (comentando a resposta dada pelo Presidente da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha à carta da cidadã Margarida Mauperrin - ver abaixo)
UMA LUFADA DE AR FRESCO
Foi com estupefacção que li a
resposta do senhor Presidente da Assembleia Municipal das Caldas da Rainha à
carta da cidadã Margarida Mauperrin, sob o título “Falta de respeito na
Assembleia Municipal”. É uma prosa rancorosa, demagógica e imprópria de um alto
dirigente de órgão autárquico em democracia, a quem se exige imparcialidade e
urbanidade, e que acaba por confirmar a acusação de “falta de respeito” que
pretende negar. Um tiro no pé. E não podia faltar o inaceitável processo de
intenção e vitimização, ao afirmar que a cidadã “usou o insulto soez e pessoal
como arma de combate político”, o que só pode resultar da imaginação do visado,
pois tal não se vislumbra na leitura da referida carta. Acredito que não fosse
sua intenção, mas objectivamente parece querer condicionar a cidadania
participativa, ao invés de a promover como lhe compete.
Na realidade, os trabalhos da
Assembleia Municipal têm muito a corrigir e melhorar em termos de respeito
democrático e competência decisória, pecando as críticas de Margarida
Mauperrin, não por excesso, mas por defeito. Qualquer cidadão pode confirmá-lo
facilmente, bastando assistir a uma sessão deste órgão autárquico. Prioridades
erradas, votações confusas, comentários desrespeitosos, violações regimentais,
ruído e desatenção, bajulice quanto baste, a estes e outros episódios se tem
assistido com grande preocupação na Assembleia Municipal. Evidentemente que a
responsabilidade não recai apenas sobre o seu Presidente, mas a este compete
cuidar da dignidade, do prestígio e da eficácia da casa da democracia caldense.
E o que se exige é que todos, sem excepção, sejam efectivamente "o exemplo
de uma lufada de ar fresco na política concelhia".
José Rafael Nascimento
RESPOSTA DO PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DAS CALDAS DA RAINHA, DR. LUÍS RIBEIRO
Confesso que admiro a
solidariedade entre os membros do movimento independente que assistem às
Assembleias Municipais, como, aliás, claramente resulta desta carta enviada à
Gazeta.
Contudo, não passa de mais do
mesmo, isto é, puro combate e chicana política, bem ao pior estilo dos
partidos.
Parece mesmo que vamos passar a
assistir a uma estratégia concertada no sentido de, semanalmente, haver alguém de
“serviço” a comentar, para mais acintosamente, a actividade da Assembleia
Municipal.
Não me parece, volto a afirmar,
que tais atitudes sejam coincidentes com a intenção antes propalada de vir aí
agora uma “lufada de ar fresco” para a política local.
Todavia, desejo deixar consignado
que estou, e estarei, sempre disponível para aceitar, a crítica, desde que
construtiva e destinada a melhorar o que menos bem estiver pelo que, cartas
deste tipo, dificilmente terão mais resposta, ou comentários, da nossa parte.
Luís Ribeiro
(publicadas na Gazeta das Caldas, em 14.03.2014)
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ANTECEDENTES (por ordem cronológica, a começar pela carta mais recente)
(publicada na Gazeta das Caldas, em 07.03.2014)
(publicada na Gazeta das Caldas, em 07.03.2014)