Declaração
de voto dos vereadores do PS no executivo camarário de Caldas da Rainha:
“Os
vereadores do partido socialista votaram contra a compra da Expoeste pelas razões
já anteriormente invocadas em mandato anterior (Janeiro de 2012). Esta operação
revela a profunda dependência das associações municipais em relação à Câmara
Municipal das Caldas da Rainha e a forma perdulária como têm sido geridas ao
longo dos anos. Com esta compra, os caldenses irão pagar duas vezes pelo mesmo
equipamento apenas para salvar a face de uma autarquia que tenta, desta forma,
impedir que os credores desta associação penhorem um terreno público que foram
os caldenses a ceder e um edifício que foram os caldenses a pagar para
construir. Tudo para pagar as dívidas de uma associação que, infeliz e evidentemente,
não consegue produzir quaisquer soluções estáveis de sustentabilidade comercial
e financeira.
Depoimento
dos vereadores do partido socialista em Janeiro de 2012: "As recentes
notícias que têm vindo a público acerca da muito controversa aquisição da
Expoeste por parte da Câmara Municipal impõem que se esclareça com limpidez
todo um processo que tem tão pouco de transparente como de inevitável. A
verdade é que a Expoeste foi construída com dinheiros públicos e a sua administração
foi entregue a quem por ela se responsabilizasse – a ADIO – de modo a retirar
deste equipamento a receita necessária, ao menos aos custos da sua manutenção. Se
hoje a Câmara pretende comprar a Expoeste é apenas porque sabe que a gestão da
Expoeste falhou espectacularmente a sua missão. A Câmara sabe que se não compra
a Expoeste, pode ficar sem ela, por serem tão prementes os valores em dívida
pela ADIO.
Afinal,
como pode uma coisa que fora construída e paga pelo erário público ser comprada
novamente pelo erário público? É inevitável fazê-lo, quando as dívidas que se
abatem sobre a Expoeste são quase do mesmo montante com que se pretende
comprá-la. 250 mil de dívidas para 300 mil euros de valor de aquisição. Comprar
o edifício é um estratagema para impedir que caia nas mãos dos credores. A
gestão displicente deste processo conduziu a esta inevitabilidade financeira.
Perguntemo-nos:
quem se livra de apuros com esta operação? A quem interessa esta venda e
compra? A todos, menos a um: interessa aos gestores da ADIO que assim vêem paga
a sua factura. Aos credores da ADIO que assim vêem paga a sua factura. Só mesmo
ao contribuinte é que não pode interessar porque, simplesmente dito: vai pagar
o mesmo edifício duas vezes. E isto é iniludível. Pretender, como apregoa a
maioria PSD, que esta compra não serve para pagar as dívidas da Expoeste - a
ADIO – desafia a inteligência de cada munícipe e a ninguém pode persuadir, por
muitas acrobacias argumentativas que se faça.
A
compra da ADIO pretende apenas duas coisas: evitar que o actual mandato não termine
com todas – sublinhe-se: todas – as associações criadas pelo PSD afundadas em
dívidas e aproveitar o assunto para tornar visíveis negligências de gestão em
relação a concorrentes no interior do PSD que visam a ocupar o cargo de
candidato a próximo presidente da Câmara.
Afirmar
publicamente que a ADJ e a ADIO são coisas para abater, serve um propósito
muito claro: abater um alvo, bem fulanizado, e fazê-lo com bastante notoriedade,
para atrair atenções sobre alguém que sirva de bode expiatório para tantos
erros crassos de gestão municipal do executivo PSD. Envolver nesta terraplanagem
a Culturcaldas, criada há pouquíssimo tempo, depois de um processo de
constituição até bastante participado, é um fait-divers que o próprio presidente
já negou, contrariando diametralmente tudo que afirmara aos jornais.
Foi
solicitado ao Senhor Presidente que diligenciasse para esclarecer publicamente o
que importa ver esclarecido. Não esqueçamos que todas as decisões tomadas para
a criação destas associações que, numas ocasiões se diz serem empresas
municipais e noutras não – consoante a conveniência e o público presente -
resultam da prática e da anuência de todo o executivo PSD. Um executivo PSD que
a todos os caprichos do seu presidente diz que sim com a cabeça, resignada e
feudalizada, amputada de qualquer verdadeira autonomia ou de emancipação
política.
A
Expoeste revela-se, pois, um expoente da leviandade. A sua compra – a sua segunda
compra – demonstra o falhanço estrondoso deste mandato PSD e de como todos os
meios servem para atingir os fins. Durante anos não se pensou em mudar o que
havia para mudar – empregos a mais, despesas a mais, receitas a menos – e só
quando o fim de um mandato se aproxima é que os mesmos que criaram todo o
aperto aparecem agora como reformadores de si mesmos.
Tudo
o que a oposição tem dito acerca da gestão destas estruturas municipais confirma-se,
agora pela boca dos próprios que as criaram. As razões inevitáveis porque o
fazem é, contudo, tão clara e tão oblíqua que pouco sobra de respeitabilidade
para todos os envolvidos."
(Extracto
da Acta nº 7 de 17.02.2014 da Câmara Municipal de Caldas da Rainha)
http://www.cm-caldas-rainha.pt/portal/page/portal/PORTAL_MCR/MUNICIPIO/CAMARA_MUNICIPAL/ACTAS_DELIBERACOES/Acta07_2014_de_17_02.pdf